Indicadores de acidez do solo

Em seu processo de formação e durante o seu uso para os diferentes fins, os solos agrícolas estão sujeitos a processos de acidificação. Em Ciência do Solo e do ponto de vista agronômico são estudados diferentes parâmetros que definem a acidez do solo. A seguir vamos discutir brevemente o que significam as chamadas acidez ativa (pH), acidez trocável (Al3+) e acidez potencial (H+Al).

Acidez ativa (pH)

pH, ou potencial hidrogeniônico, representa a medida da concentração de íons H+ na solução do solo. Em Ciência do Solo o pH é também chamado de acidez ativa.

O valor de pH apresentado numa análise de solo é um indicador chave do estado de fertilidade do solo e do grau de disponibilidade de nutrientes para a absorção pelas plantas e é determinado, normalmente, com o auxílio de um peagâmetro (medidor de pH), onde um potenciômetro é introduzido em uma mistura de solo + água, ou ainda numa mistura de solo + CaCl2 (cloreto de cálcio), como é o caso do método utilizado no Estado de São Paulo.

Vale ressaltar que a faixa de pH entre 5,5 a 6,5 é considerada a faixa ótima para o fornecimento de nutrientes e desenvolvimento da maioria das plantas cultivadas. Sob esta faixa de pH há ausência de alumínio trocável (prejudicial ao desenvolvimento de plantas) além da otimização da disponibilidade do conjunto de nutrientes essenciais para a nutrição vegetal.

Disponibilidade de nutrientes em função do pH do solo

Acidez trocável (H+ e Al3+ trocáveis)

Enquanto a concentração de íons H+ (pH) é chamada de acidez ativa, os íons Al3+ são os principais representantes da acidez trocável, que compreende o somatório dos íons  H+ e Al3+ fracamente ligados às cargas negativas do solo e portanto facilmente trocáveis.

O termo trocável refere-se aos elementos químicos ligados aos sólidos do solo (nas cargas do solo) e que podem ser trocados por outros elementos (tais como Ca2+, Mg2+, K+) , sendo portanto passíveis de serem liberados para a solução do solo (meio líquido solo).

O alumínio trocável representa efeito prejudicial ao desenvolvimento de diversas culturas de interesse agrícola. Contudo diferentes culturas possuem diferentes níveis de tolerância à presença deste elemento quando presente sob sua forma trocável. Tal tolerância é inclusive considerada nos processos de cálculos de alguns métodos de recomendação de correção de acidez.

Em laudos de análises de solo, teores de alumínio trocável maiores que zero, normalmente estão relacionados com pH do solo menor que 5,3 – 5,5.

Acidez Potencial (H + Al)

A acidez potencial inclui:

  • A acidez trocável (íons H+ e Al3+ que estão retidos na superfície dos coloides por forças eletrostáticas)
  • E a acidez não- trocável, que corresponde ao hidrogênio (H) dissociável de ligações covalentes dos compostos orgânicos e dos minerais de argilas silicatadas (coloides com carga negativa variável e os compostos de alumínio), sendo, portanto, representada por H+Al

O hidrogênio ionizável é o seu principal componente. Desta forma, a quantificação da acidez potencial corresponde à acidez neutralizada sob um determinado potencial de hidrogênio, usualmente sob pH igual 7,0.

A acidez potencial representa então o poder-tampão de acidez do solo. E é importante notar que a estimativa do teor de H+Al com exatidão é crucial para os métodos de cálculos de necessidade de correção de acidez, considerando que o teor de H+Al é utilizado para estimar a capacidade de troca catiônica a pH 7,0 (T) – CTC Potencial -, que por sua vez é usada no cálculo da saturação por bases (V).

Considerações finais

Os três tipos de acidez aqui apresentados possuem papeis fundamentais tanto na interpretação do estado de fertilidade do solo quanto na aplicação dos respectivos valores obtidos nos métodos de recomendação de necessidade de correção de acidez.

O pH além de um indicador prévio do estado dos demais parâmetros é também diretamente aplicado no processo de cálculos do método de Texeira, Alvarez V. e Neves (2020).

A acidez trocável é aplicada diretamente nos cálculos do método da neutralização do alumínio e elevação do Ca + Mg (Lopes e Guimarães, 1989; Alvarez V. e Ribeiro, 1999) , bem como do método do apresentado no manual do Estado do Rio de Janeiro (Freire, 2013).

Já os dados de acidez potencial (H+Al) são aplicados direta ou indiretamente em um maior número de métodos, seja usando os valores obtidos para o calculo da CTC do solo (para em seguida ser usado no método da saturação por bases – Raij, 1981), seja para completar o calculo de uma equação de estimativa da necessidade de correção de acidez (diretamente usada nas equações do Algoritmo de Teixeira, Alvarez V. e Neves (2020)), ou ainda usada como o limite máximo de recomendação de necessidade de corretivos de acidez (são exemplos os algoritmos de Teixeira, Alvarez V. e Neves (2020) e o de Guarçoni, Alvarez e Camilo (2007)).

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